A enurese noturna, ou incontinência urinária noturna, é uma disfunção miccional de predomínio em crianças. Para a Sociedade Internacional de Continência em Crianças (ICCS) enurese noturna corresponde a toda incontinência urinária que ocorre de modo episódica no período noturno, independente da manifestação, ou não, de sintomas diurnos após o período de aquisição do controle urinário social. Embora não acarrete riscos à saúde e apresente elevado índice de remissão espontânea com o passar da idade, o impacto psicológico, social e familiar deste tipo de incontinência urinária é expressivo.

A despeito de uma prevalência focada na faixa etária dos cinco aos quinze anos, evidências de que adultos com disfunções miccionais diversas cursaram com enurese na infância e adolescência, agregaram maior interesse ao tema. Uma grande variabilidade na prevalência da enurese noturna tem sido registrada nos estudos epidemiológicos. Estima-se entre 10% e 15% o número de crianças que aos sete anos de idade apresentam enurese. Este número cai para cerca de 0,5% aos 16 anos de idade.

A etiologia da enurese não está plenamente estabelecida. A inadequada relação entre a capacidade vesical de armazenar urina e a produção de urina no período noturno, somado à falha de despertar, quando tal situação ocorre, são os pré-requisitos para a enurese noturna. Sabe-se que existe um forte componente genético para enurese noturna. Os antecedentes familiares representam um risco relativo de até 16 vezes quando pai e mãe cursaram com enurese na infância.

A enurese é categorizada como monosintomática quando a perda urinária noturna é a única manifestação do trato urinário inferior e não-monosintomática sempre que qualquer outro sintoma do trato urinário inferior estiver presente, como aumento da frequência miccional, urgência e incontinência diurna.

O tratamento da enurese deve ser baseado em uma boa avaliação clínica, com rigorosa anamnese, exame físico e exames subsidiários em situações selecionadas. Uma série de modalidades terapêuticas foram desenvolvidas para o controle da enurese noturna. Dentre elas pode-se destacar: 1. terapias comportamentais; 2. tratamento com alarmes; 3. terapia medicamentosa (desmopressina / anticolinérgicos / imipramina) e 4. terapias combinadas.

 

Créditos da foto: (CC BY 2.0- Sleeping Julie by Sebastien Wiertz)

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