A Sociedade Brasileira de Urologia – seção São Paulo traçou um perfil das equipes cirúrgicas que realizam transplante renal no Estado de São Paulo através de um questionário padrão enviado para todas equipes ativas cadastradas na Secretaria de Saúde, o projeto PECTX-SP.
Baseado no Registro Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplantes de órgãos, existem 21 equipes ativas no Estado de São Paulo que realizaram pelo menos um transplante renal em 2019, sendo 10 no interior e 11 na capital.
O questionário foi respondido por 20 equipes, sendo 11 da capital e 9 do interior o que enriqueceu a qualidade dos dados coletados. Não foi solicitado a identificação das equipes. As perguntas se referiam as características da equipe e da instituição, além das condições de atuação e remuneração.
As instituições de ensino correspondem a 70% das equipes ativas, o restante está dividido entre instituições privadas e filantrópicas sem atuação na formação médica.
Quando analisamos as especialidades dos cirurgiões observamos uma maciça participação dos Urologistas que estão presentes em 100% das equipes, em segundo lugar vem o Cirurgião Geral que está presente em 10%, seguido do Cirurgião Vascular e Pediátrico em 5%.
Outro dado interessante é que 32% dos cirurgiões atuam exclusivamente no transplante renal, mostrando ainda ser uma boa opção no mercado de trabalho.
Apenas 25% das equipes possuem cirurgiões envolvidos na captação de órgãos pela OPO correspondente.
Quanto a participação no SUS, 15% atuam exclusivamente, 45% das equipes em mais de 75% dos transplantes e somente 15% não atuam.
O transplante pediátrico é realizado por somente 40% das equipes, talvez pela complexidade do paciente além da dificuldade para organizar a estrutura necessária para o atendimento deste tipo de paciente, como a diálise e UTI.
Fizemos também questões a respeito de remuneração e vínculos com as instituições, sem abordar valores.
Quanto a forma de remuneração, 20% recebem valor fixo mensal independente da produção, 70% recebem de acordo com a produção e 10% um misto de fixo com produção.
O vínculo com a instituição é em regime CLT para 30% das equipes, 50% através da constituição de Pessoa Jurídica, 10% por cooperativa, 5% por prestação de serviços e 5% sem vínculo algum.
Somente 30% das equipes recebem alguma remuneração por disponibilidade médica a distância. Esta é uma das grandes reivindicações das equipes de transplante renal, haja visto as características da atuação, que exige profissionais de prontidão ininterruptamente.
Este perfil é importante para posicionar os cirurgiões neste universo do transplante renal, que na grande maioria dos centros é comandada pelos clínicos. Orientar as equipes postulantes a atuar na área, além de situar as já em atividade.
Sérgio Ximenes – Responsável pelo Departamento de Transplante Renal SBU-SP
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