Descendente de família tradicional japonesa, conheça a história comovente de Zensey Nakassone, hoje com 93 anos, que descobriu um tumor na próstata a tempo de ser curado. Natural de Avaré, interior de São Paulo, ele recebeu muito apoio da família e passou a valorizar a importância do check-up anual para prevenção de doenças.

Conte-nos como foi receber essa notícia. Quando foi?
Fiz a cirurgia para a retirada do tumor na próstata em 2007. No meu caso, recebi ao mesmo tempo o diagnóstico dos resultados e a notícia do urologista de que eu teria que ser submetido à cirurgia. O médico foi claro, olhou os exames, me examinou e conversou comigo e com os meus familiares sobre a minha situação. Por um momento, fiquei desnorteado, mas não tinha outra saída que não fosse aceitar a cirurgia. Cheguei até a pensar que não resistiria ao procedimento. Acho que é um sentimento normal que passa na mente de qualquer pessoa na minha situação e idade. Graças à Deus, o médico foi competente e a retirada do tumor e o tratamento se deu com êxito.

Quantos anos tinha na época?
Estava com 82 anos. No ano anterior tinha perdido a minha esposa. Foi muito difícil lidar com tudo isso ao mesmo tempo.

Qual o estado de saúde nesse momento?
Depois da cirurgia, foi feita a radioterapia local e o controle por meio de medicamentos e exames que eu realizava. Ainda faço periodicamente para verificar o nível do PSA (Antígeno Prostático Específico). Hoje, não tomo medicamento nenhum para a próstata, e o PSA está normal. Faço os exames de rotina, cuido da minha saúde, tomo medicamentos para o controle da diabetes, o mal de chagas e a gastrite.

Depois de lidar com o diagnóstico precoce e estar curado, como é sua vida?
Sempre gostei de caminhar, caminho todos os dias pela manhã, nas proximidades da minha casa, uma atividade leve, apenas para movimentar o corpo. Conduzi meu veículo até maio deste ano, e só parei por cautela dos familiares, que se preocupam comigo, afinal, já tive duas quedas e bati a cabeça, mas ainda tenho vontade de fazer de tudo… pequenos reparos na casa, quero muito poder voltar a dirigir o meu carro, ir na casa dos filhos e fazer compras com eles. Tenho cinco filhos, sendo dois homens e três mulheres. Atualmente, moro com uma filha, e é ela quem cuida das minhas refeições diárias. Tenho ainda a companhia de dois cachorros, que são alegres e são os guardiões da casa.

Tinha o hábito da prevenção anual?
Fazia outros exames de rotina, mas o específico para a próstata não. Tinha a errônea ideia de “quem procura acha”. Lembro-me que, à época que foi ao cardiologista, até achei desnecessário ir à consulta agendada, porque achava que se não estava sentindo nada, não precisava me preocupar, até que fui convencido pelo meu filho e pela minha nora da importância daquela consulta. Na mesma semana em que fiz os exames, comecei a sentir muita vontade de urinar, só que expelia bem pouquinho, o que provocava várias idas ao banheiro. Até que não consegui mais urinar e foi aí que, após ser atendido em emergência, com sonda, procurei um urologista, já com os resultados dos exames, nessa consulta foi que descobri o câncer de próstata. O nível do PSA estava elevadíssimo. O tumor estava tão grande que chegou a ponto de fechar o canal da uretra.

Fazia o exame de sangue PSA e o toque retal?
Havia feito há muitos anos atrás, mas não tinha o conhecimento de que se, porventura, os exames detectassem algo mais sério, haveria chances de cura. A ideia do “se procurar acha” é mais “um medo, um receio”, do que se possa descobrir com o resultado. Precisamos acabar com esse “tabu”, a prevenção é muito mais simples se comparar ao que eu passei.

O que foi fundamental para sua cura?
Primeiro foi confiar em Deus, e pensar que os nossos entes queridos, de certa forma, nos dão forças. Depois, a presença e o apoio dos meus filhos, genros, noras e netos. Pensar positivamente e acreditar que o seu médico vai fazer o melhor por você. Um ponto importante é seguir à risca toda a recomendação médica, o tratamento, os medicamentos etc.

Deixe uma mensagem final para os homens sobre a importância da prevenção, a partir da sua própria experiência.
Meus amigos, deixem o preconceito, a vergonha de lado… Procure um médico de sua confiança, peça a indicação de um profissional, converse com ele, esclareça suas dúvidas e siga a recomendação que ele te passar. O médico está ali para te ajudar. Ele é seu amigo. Sobretudo, ame a si mesmo, se cuide, se previna e siga o seu tratamento. Seus amigos e familiares querem te ver bem e eles também ficarão felizes em saber que você demonstra carinho por eles, quando você se cuida. Se passar por um momento difícil, jamais se desespere. Nada é impossível, há chances de cura. Sendo assim, você será um vitorioso! Por fim, quero agradecer a SBU-SP pela oportunidade de poder contar parte da minha história na caminhada que realizamos no último domingo, de poder demonstrar que os exames e os tratamentos com o seu médico são fundamentais para ter uma vida plena e feliz!

Acreditem!

Zensey Nakassone, natural de Avaré/SP.

* (PSA) é o marcador mais utilizado no auxílio ao diagnóstico de câncer de próstata. Isoladamente, o PSA elevado não significa necessariamente que o indivíduo tem câncer de próstata ou que tem um câncer que evoluiria de forma agressiva. Por isso, fazer ou não fazer o exame do PSA passa pelo questionamento de que poderia significar um excesso de diagnósticos em pacientes que não precisariam necessariamente ser tratados.

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