Câncer de Próstata
Dr. Flavio Trigo
O Câncer de próstata representa o câncer mais frequente no sexo masculino e a segunda causa de mortalidade relacionada a câncer no Brasil. Após os 50 anos, 42% dos homens podem ter alterações compatíveis com câncer de Próstata (CaP) em achados de autópsias. No entanto, como geralmente se trata de um tumor indolente (sem dor), apenas 9.5% terão esta doença diagnosticada e 2.9% morrerão da mesma.
Diagnóstico Precoce:
Como o câncer de próstata se constitui numa patologia com índices de cura superiores a 80% quando diagnosticada precocemente, o diagnóstico do Ca de Próstata numa fase em que o mesmo está confinado ao órgão, tem se tornado cada vez mais importante até como forma de se aumentar a longevidade das pessoas do sexo masculino. Nesta situação, o tratamento cirúrgico ou radioterápico proporciona elevados índices de cura.
Nos casos em que o diagnóstico é feito tardiamente com o estadiamento mostrando que a doença não está mais confinada à próstata o tratamento é principalmente baseado na hormonioterapia e não visa mais a cura, mas sim uma melhora na qualidade de vida e sobrevida destes pacientes.
O diagnóstico precoce do câncer prostático é possibilitado pela realização anual de toque retal e dosagem de PSA. Naqueles pacientes com toque retal alterado existe uma possibilidade de cerca de 35% de câncer e naqueles com PSA > 4.0, possibilidade de 35 a 50%.
A combinação de toque retal e dosagem de PSA fornece uma sensibilidade superior a 70% na detecção destes tumores. O diagnóstico definitivo é feito através da biópsia transretal de próstata abordando-se a área suspeita naqueles casos com toque alterado ou através de biópsia randomizadas guiadas por ultrassom em número de pelo menos 06 nos casos em que apenas o PSA é alterado. Caso uma biópsia seja negativa existe 70 % de chance de não haver câncer. Duas biópsias negativas elevam este valor para 90%.
A fim de se aumentar a especificidade da determinação do PSA, evitando-se a realização de repetidas biópsia em pacientes com PSA igual ou superior a 4 tem-se tentado correlacionar esta dosagem com o volume prostático (densidade de PSA), com a velocidade de aumento anual do mesmo (velocidade de PSA), com a idade e também fazendo-se a relação entre o PSA livre e PSA total. Estes métodos embora possam auxiliar a evitar biópsia de repetição em pacientes com PSA pouco elevado, principalmente entre 4 e 10 ng/ml, não são suficientes para evitar a realização de pelo menos duas biópsias. A exceção são os pacientes com mais de 70 anos onde níveis de PSA entre 5 e 6 ng/ml podem se apenas acompanhados. Para pacientes com PSA acima de 10 tais parâmetros não mais se aplicam, pois a possibilidade de câncer é próxima de 50% devendo a biópsia ser repetida.
Fatores Prognósticos:
Uma vez que o paciente apresente um câncer de próstata alguns fatores podem ser úteis no sentido de se prever o comportamento destes tumores indicando se o tratamento a ser adotado deve ser mais ou menos agressivo e dando uma ideia da possibilidade de cura e/ou sobrevida aos portadores deste tipo de tumor.
Entre os fatores prognósticos favoráveis o PSA inicial deve ser considerado pois em pacientes com PSA< 10ng/ml raramente encontramos linfonodos acometidos ou outros sinais de doença a distância. Geralmente tratam-se de tumores localizados passíveis de tratamento curativo
O grau histológico também representa um fator prognóstico , a grande maioria de pacientes com escore de Gleason < 7 na biópsia raramente tem gânglios acometidos. A combinação de PSA < 10 e Gleason < 7 pode dispensar a realização de linfadenectomia nos casos em que se opta por tratamento cirúrgico A análise do material obtido através da prostatectomia também é de suma importância no prognóstico uma vez que o estadiamento pré-operatório geralmente subestadia a doença. Outros fatores indicativos de pior prognóstico incluem invasão capsular, margem uretral comprometida, acometimento de vesículas seminais, etc. Acometimento ganglionar indica altíssima chance de recorrência e péssimo prognóstico sendo recomendado a interrupção da cirurgia quando este acometimento é detectado no intraoperatório de pacientes com poucos sintomas.
Naqueles pacientes cujo tumor foi diagnosticado numa fase mais avançada, com doença a distância, portanto candidatos a tratamento hormonal, a análise de alguns destes fatores permitirá que se tenha uma ideia da agressividade da doença e, portanto, da sobrevida maior ou menor do paciente.
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