Pouco falado, o câncer renal tem uma incidência de 450 mil novos casos no mundo, ocasionando 160 mil óbitos anualmente, de acordo com dados do European Association of Urology. Ele é responsável por 2% dos cânceres nos adultos. É estimado 11 mil novos casos por ano, no Brasil, e aproximadamente 4,5 mil mortes. A cirurgia renal é frequente no Brasil, apenas no SUS, cerca de 18.000 pessoas foram submetidas à nefrectomia parcial ou total, nos últimos cinco anos.
O câncer renal é mais comum em homens e pessoas entre 50 e 70 anos. Sendo o pico de incidência dos 65 aos 74 anos. Entre os principais fatores de risco para o aparecimento da doença está o tabagismo e a obesidade (principalmente com IMC >35m), além da hipertensão arterial. Já se sabe que cerca de 50% das pessoas portadoras de carcinoma de células renais são tabagistas. Pessoas com histórico familiar e obesidade concomitantes apresentam maior incidência de terem um câncer de rim. Sedentarismo, contato com materiais tóxicos e algumas síndromes genéticas, também podem elevar a incidência.
A melhor forma de evitar a doença é combater o tabagismo e a obesidade, bem como incluir na rotina a prática de exercícios físicos e a cultura de hábitos saudáveis, afinal apenas 5 a 8% dos canceres renais são hereditários. Na maioria das vezes, o câncer de rim não costuma apresentar sintomas, sendo diagnosticado por meio de exames de imagem. Os sintomas mais comuns podem estar presentes em tumores mais avançados como:
– Dor abdominal lateral ou lombar.
– Dor nas costas;
– Inchaço abdominal e nas pernas;
– Presença de uma massa palpável no abdômen;
– Sangue na urina;
– Febre;
– Perda de peso;
– Perda de apetite;
– Anemia;
– Cansaço.
Diagnóstico precoce
O rastreamento populacional não é recomendado pelas autoridades médicas internacionais, mas é de bom tom que pacientes ao realizarem seus exames anuais incluam a análise dos rins. O ultrassom (US) pode ser usado e tem sensibilidade e especificidade aceitáveis, embora dependa do tamanho do tumor e do operador que realizou o exame. Em caso de suspeita de câncer de rim, sugere-se a realização da tomografia computadorizada, que não deve ser recomendada de rotina para a população geral.
Quando o diagnóstico é precoce pode ser tratado por cirurgias minimamente invasivas, que afetam pouco a qualidade de vida do paciente e o rim acometido, na maioria das vezes, pode ser preservado e a remoção é apenas do tumor. Nesses casos após o tratamento o paciente leva uma vida normal.
Para os casos iniciais, o melhor tratamento é cirúrgico, pois, remover o tumor com margens livres, gera alta expectativa de cura. Dentre as modalidades cirúrgicas, a nefrectomia parcial robótica e a laparoscópica são as que apresentam menores riscos ao paciente, menor chance de sangramento e melhor conforto para o paciente. Em pacientes frágeis, com idade avançada e com tumores pequenos e de baixo risco, pode-se recomendar apenas acompanhamento médico (vigilância) ou terapias ablativas. Já para os tumores mais avançados, além da cirurgia, existem medicamentos modernos, como a imunoterapia, que oferece uma boa expectativa de vida para os doentes.
Importante dizer que, uma vez tratado, o paciente deve ser acompanhado por cinco anos com seguimento médico, exame físico, exames laboratoriais e de imagem, pois existe um risco de recidiva. Tumores grandes, presença de células neoplásicas nos linfonodos e presença de metástases aumentam os riscos da doença. Por outro lado, tumores iniciais e pequenos têm elevadas chances de cura. Por isso, a ida regular ao urologista é tão importante para investigar possíveis alterações na saúde e realizar diagnóstico em estágios iniciais favorecendo as chances de cura.
*Dr. Matheus Miranda Paiva é urologista e cirurgião robótico, membro do Departamento de Uro-Oncologia em tumores renais da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo.