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Assintomático em 80% dos casos, o HPV pode evoluir para câncer trazendo impacto físico e emocional

Estudos mostram que 80% da população sexualmente ativa deve ser infectada pelo vírus em algum momento da vida. O uso de preservativos e a imunização continuam sendo meios de prevenção da doença

Março de 2025 – Cerca de 20% dos cânceres humanos são causados por vírus – e destes 50%, segundo levantamento do Ministério da Saúde, são provocados pelo papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês), que infecta atualmente 9 a 10 milhões de pessoas no Brasil, com estimativa que apareçam mais de 700 mil novos casos anualmente.

Diante disto, as campanhas de conscientização exercem papel fundamental para alertar a população e orientar sobre a importância da vacinação como forma de prevenção. No mês de março, por exemplo, várias entidades se unem e chamam atenção para o impacto/dano do HPV, tanto e homens quanto em mulheres.

“É um vírus se instala principalmente pela relação sexual e a transmissão acontece via pele ou mucosas nas genitais, uretra, boca e ânus, provocando verrugas anogenitais. A doença acomete homens e mulheres praticamente na mesma proporção e, a depender do tipo de vírus e de sua persistência, pode evoluir para câncer”, diz Dr. Julio Zonzini Máximo de Carvalho, urologista responsável pelo Departamento de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), da Sociedade Brasileira de Urologia de SP.

A faixa etária de maior risco para contrair o vírus é, geralmente, entre 15 e 25 anos, fase em que a atividade sexual é mais intensa e com maior exposição ao risco de infectar-se. “Em seguida começam os relacionamentos estáveis e diminui tanto a quantidade de relações como o número de parceiras/os. E, finalmente, após 50/60 vem o segundo pico de exposição pois pode haver novos relacionamentos, seja por separações, falecimento ou desquites. Desta forma recomeça aumento de relações e número de parceiras/os”, chama atenção o especialista.

De acordo com o médico, é uma doença que muitas vezes não apresenta sintomas (80% dos casos) pois na maioria dos casos as lesões são subclínicas ou o HPV fica latente,  sendo que, em 20% dos casos, o principal sintoma é o aparecimento de verrugas genitais. O diagnóstico consiste em localizar as lesões visíveis e subclínicas com exame de magnificação (genitoscopia) e confirmar com biópsia e exame de Histologia e análise do DNA do HPV (genotipagem).

Entre os danos causados destacam-se o abalo psicológico levando a quadros de ansiedade, depressão e perda do interesse sexual, além de medo de  novos  relacionamentos com receio de transmitir ou se contaminar. Outro aspecto relevante trata-se do  impacto físico causado por cicatrizes oriundas dos tratamentos e a presença de verrugas nos genitais e proximidades, além de verrugas anais e na cavidade oral.

No homem, se houver persistência de lesões causadas pelos tipos oncogênicos, pode evoluir para um câncer de pênis, orofaringe e de canal anal. Estes dois últimos ocorrem igualmente na mulher, acrescido de câncer no colo do útero, o segundo câncer mais frequente. De acordo com o especialista, “existem casos em que a doença pode desaparecer espontaneamente, ficar em sua forma latente,  persistirem lesões subclínicas ou até mesmo permanecem as verrugas genitais, que por sua vez podem crescer e espalhar para regiões próximas do local acometido”.

Por isso, a importância de ter relações sexuais com preservativos e, de preferência, com a mesma parceira/o, além de buscar a vacina como meio de prevenção primária, pois estimula a produção de elevada quantidade de anticorpos, reduzindo muito o risco de contaminação pelos tipos de HPV. “Apenas mulheres grávidas e pessoas que tiveram alguma reação alérgica grave, devem evitá-la. Meninos e meninas entre 9 a 14 anos de idade podem receber a vacina quadrivalente gratuitamente no SUS”, ressalta Dr. Julio. Atualmente, a vacina nonavalente está disponível apenas em clínicas e laboratórios particulares.

Imunização – meta até 2030 (Dados e informações do Ministério da Saúde e Instituto Butantan):

– 90% das meninas estejam vacinadas aos 15 anos de idade;

– 70% das mulheres sejam rastreadas com um teste de alta qualidade aos 35 anos e, novamente, aos 45;

– 90% das mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero estejam em tratamento.

A vacina contra o HPV foi desenvolvida em 2006, na Austrália, e integra os programas de imunização de mais de 50 países. No Brasil, é produzida pelo Instituto Butantan e protege contra o HPV de baixo risco, tipos 6 e 11, que causam verrugas anogenitais, e de alto risco tipos 16 e 18, que causam câncer de colo uterino, de pênis, anal e oral.

A indicação é que a vacinação ocorra antes do início da vida sexual, para que homens e mulheres estejam protegidos do vírus desde as primeiras relações e não o transmitam para seus parceiros e parceiras.

 

 

Dr. Julio Zonzini Máximo de Carvalho

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