A estenose de uretra e ou estreitamentos é uma doença comum na prática urológica, umas das doenças urológicas mais antigamente conhecidas.
A prevalência é de 9 pessoas acometidas a cada 1000 pessoas, porém apesar de pequena incidência esta é uma condição impactante pois piora a qualidade de vida, gerando prejuízos miccionais e sexuais.
Esta doença uretral tem diversas origens: traumática, infecciosa, idiopática (causa desconhecida), sequela de radioterapia e iatrogência (instrumentação da uretra com sondas e cirurgias de próstata ou cálculos renais).
As doenças sexualmente transmissíveis (DST) denominadas uretrites, mesmo que devidamente tratadas podem levar a esta condição, pois a inflamação crônica pode gerar esse prejuízo.
O líquen escleroso, doença autoimune, o qual acomete a pele peniana ou vaginal pode avançar pela uretra, e neste cenário os estreitamentos são mais longos e os tratamentos são mais complexos, porém atualmente os resultados são promissores.
Os aparelhos de ressecção prostática ou de cálculos renais podem gerar tal patologias, quando usados inadequadamente ou por tempo cirúrgico aumentado.
O uso da sonda vesical de grande calibre e por longo tempo pode condicionar os estreitamentos uretrais.
Não podemos esquecer dos traumas de bacia, as fraturas de ramos dos ossos da bacia podem levar ao trauma uretral com possível estenose uretral.
A cenário do tratamento desta afecção é promissor, a cirurgia reconstrutiva é a sub especialidade urológica que avançou muitos nos últimos anos, e o tratamento da estenose de uretra avançou também.
Há diversos tratamentos, dilatação uretral, incisão do ponto estenótico (uretrotomia interna), exérese do tecido doente (uretroplastia) com uso de enxertos e retalhos e até cirurgias laparoscópicas e roboassistidas.
A dilatação uretral é o primeiro tratamento conhecido e atualmente tem um pequeno papel, prática em desuso, ainda presente na prática em 10 % dos urologistas americanos.
A incisão da uretral com faca ( uretrotomia interna) iniciado na década de 70 tem um papel importante em estenoses ou estreitamentos curtos, menores que 1 cm.
Atualmente o tratamento mais efetivo é a cirurgia de uretroplastia, técnica a qual retiramos o tecido doente, apesar de mais invasiva ela apresenta melhores resultados a longo prazo, sendo a cirurgia de escolha para os defeitos acima de 1 cm.
Sabe se que para defeitos longos precisamos de outros tecidos, como enxertos e retalhos, técnicas muito seguras e com ótimos resultados.
A cirurgia via laparoscópica e assistida por robô também avança neste setor, e o cenário ideal para uso destas tecnologias são as estenoses após cirurgias de prostatectomia radical, denominadas contraturas de colo vesical.
Caso tenha dúvidas procure um urologista certificado pela Sociedade Brasileira de Urologia.
Autor: Dr Wagner França
Coordenador do departamento de uroneuro sp e membro do departamento Uro reconstrutiva SBU SP e Iamspe SP