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Quando ficar atenta à incontinência urinária de esforço – perder urina não é normal

É um problema de saúde pública no mundo e no Brasil, e pode impactar de maneira negativa a qualidade de vida geral e sexual, as relações sociais e a saúde física e psicológica.

Junho de 2024 – Um dos erros mais comuns é achar que a perda de urina é algo normal e pode ser negligenciada. A ilusão é que melhora com o tempo. O fato é que, qualquer quantidade de perda de urina – quando não existe realmente vontade de urinar -, precisa ser investigada. Muitas mulheres acreditam, ainda, que seja algo natural relacionado a histórico familiar ou causado pelo parto vaginal, que embora sejam fatores de risco ao desenvolvimento de incontinência urinária, não são os únicos e, pode estar relacionado a diferentes causas.

Porém esse infortúnio pode piorar com o passar do tempo, impacta demais a qualidade de vida. A boa notícia é que existem tratamentos como a fisioterapia pélvica que ajuda e ameniza esse problema, resgata a autoestima e o desejo de ter novamente o convívio social. De acordo com a urologista, Dra. Maria Claudia Bicudo, coordenadora do Departamento de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia de SP, existem várias causas e é necessário o diagnóstico assim que o problema começar.

“A incontinência urinária tem um impacto muito negativo na qualidade vida, como quadros de depressão associadas a perda, impacto sexual em até quase 70% das mulheres e, também prejuízo do ponto de vista financeiro – com a compra de absorvente e fraldas, sem falar no impacto social, pois as pessoas com incontinência, muitas vezes, deixam de sair de casa com medo de ter escapes”, diz a médica.

De acordo com a especialista, a incontinência urinária de esforço, assim como outras formas de perda, pode impactar a saúde e levar às complicações relacionadas à parte externa do genital como o surgimento de dermatite amoniacal, que é o contato da urina com a pele, provocando lesões, mas é sempre importante entender o mecanismo de perda para avaliar outras consequências relacionadas ao trato urinário. “Em qualquer cenário o mais importante é identificar as causas que estão levado a essas perdas em diferentes fases e faixa etária e, uma vez identificado, iniciar o tratamento adequado a cada paciente”, explica a urologista que é Mestre e Doutora pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), professora da Faculdade de Medicina do ABC.

Uma das alternativas de tratamento é com a ajuda de um fisioterapeuta. Abaixo, a Dra. Mariane Castiglione, presidente da Associação Brasileira pela Continência B.C. Stuart e Doutoranda em Urologia- FMABC, explica algumas dúvidas com relação ao assunto. Ela atualmente é docente da FMABC, e especialista em sexualidade humana.

Quais sintomas caracterizam a IU de esforço?

A pessoa que tem incontinência urinária de esforço perde urina quando faz movimento ou esforços como tossir, espirrar, pular, pegar peso, abaixar, sentar-se, entre outras situações.

Existem outras?

Sim, mais dois tipos principais de incontinência urinária a de urgência, em que a pessoa precisa ir com urgência ao banheiro de forma súbita e inesperada. Geralmente, vai muitas vezes ao banheiro e pode também perder urina antes de sentar-se no vaso para urinar e, por fim, a incontinência urinária mista que é a pessoa que perde urina aos esforços e tem urgência miccional.

Todas as mulheres que passaram pelo parto normal podem ter escapes? Caso não, quais outras questões/comorbidades podem estar relacionadas?

Nem toda mulher que tem parto pela vagina perderá urina, isso vai depender de como foi a gestação, se ela treinou os músculos da região pélvica, se aumentou muito o peso corporal, se já perdia urina e de como foi o acompanhamento da gestação, do parto e após o parto. Outras situações que podem provocar incontinência urinária são: obesidade, atividade física de alto impacto, intestino preso, tosse crônica, diabetes, algumas doenças neurológicas, gestação, sedentarismo, por exemplo.

Já li que a ocitocina, associada a muita força no expulsivo na hora do parto, podem favores o problema? É verdade? Teria algum estudo que embase isso?

O que contribui muito com a perda de urina na gestação e, também no parto, é a qualidade da evolução da gestação, o quanto essa pessoa tem de aumento de peso, os cuidados necessários do pré-natal, o acompanhamento com a fisioterapia pélvica também pode ajudar. Se ela perde urina na gestação, ou até antes da gestação, é importante tratar essas condições, contar para seu médico o quanto antes e procurar o tratamento adequado, assim como um acompanhamento ideal durante o trabalho de parto auxilia e muito.

Quando diagnosticado o problema, quais são os tipos de tratamento da fisioterapia?

Deve ser feita uma avaliação com um fisioterapeuta especialista que atue com fisioterapia pélvica, de maneira completa incluindo avaliação da postura e dos músculos pélvicos. Já como tratamentos temos muitas condutas, dentre elas, o treinamento dos músculos do assoalho pélvico, orientações para melhorar o estilo e os hábitos de vida, e aparelhos como eletroestimulação e o biofeedback. É importante deixar claro que serão definidos os recursos utilizados após uma avaliação minuciosa, o tratamento deve ser individualizado e personalizado.

É algo hereditário?

É muito comum ouvirmos que a avó perdia urina, a mãe perde urina e, se a pessoa perde urina, é como se fizesse parte da história da família, porém ainda não temos essas respostas. O que recomendamos é que, independentemente da idade, a procura pelo tratamento adequado não deixe de acontecer.

Com os exercícios dá para reverter?

Os exercícios pélvicos ajudam muito na melhora e /ou cura da incontinência urinária, porém é importante reforçar que eles devem ser realizados com acompanhamento de uma fisioterapeuta pélvica, devem ser individualizados e personalizados assim como aderidos pela pessoa que tem perda de urina e realizados como recurso de manutenção. Em alguns casos os exercícios musculares ajudam e são preventivos e em outras situações outros recursos são necessários.

Se a mulher já tem perda de urina e novamente engravida, a recomendação é que não tente o parto via vaginal?

O ideal seria tratar a perda de urina antes de engravidar, pois, a gestação nesse caso e o parto vaginal podem piorar essa condição e a perda de urina evoluir muito negativamente.

Quer complementar?

Gostaria de deixar um recado importante que, em nenhuma situação ou idade é normal perder urina, apesar de ainda ser considerado uma situação comum. A incontinência urinária atualmente é um problema de saúde pública no mundo e no Brasil, pode impactar de maneira negativa a qualidade de vida geral e sexual, as relações sociais, o impacto na saúde física e psicológica. Se tiver perda de urina, procure um urologista, você pode ser ajudada.

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