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Fatores de risco, como o HPV, podem desencadear o câncer de pênis em adultos jovens

É importante o alerta das campanhas de conscientização para minimizar os impactos sociais e emocionais que a doença acarreta, sobretudo nos casos mais avançados.

* Dr. João Fantin

Tido como um tipo raro de tumor que representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem os homens brasileiros, o Brasil é considerado o país com maior incidência no mundo. Em 10 anos, o câncer de pênis foi responsável por mais de 22 mil internações, quase 6 mil amputações do órgão, e 4500 mortes no período. Sabemos que esse número poderia seria infinitamente menor se a informação sobre riscos e sequelas deixadas pela doença atingissem a todos. O câncer de pênis é mais comum em homens acima de 50 anos, mas também pode ocorrer em adultos jovens, especialmente se expostos a fatores de risco como o HPV.

Atualmente, não há evidências robustas que indiquem que o câncer de pênis seja hereditário, a maioria dos casos está associada a fatores ambientais e comportamentais, como higiene inadequada, fimose não tratada e infecções por HPV.

Um dos principais impactos do tratamento, a depender do estágio da doença, é a mutilação do órgão, acarretando danos para a qualidade de vida e nos relacionamentos amorosos, sem falar do abalo na saúde emocional. Além disso, a fertilidade também pode ser afetada, já que, dependendo do tipo e extensão do tratamento, levam à amputação total do órgão, impedindo a atividade sexual.

Inicialmente, um dos pontos de alerta é o aparecimento de lesão, tumoração ou ulceração na glande, popularmente chamada de cabeça do pênis, muitas vezes indolores, porém pode ter certo odor. Importante lembrar que, toda ferida que aparece no pênis e não cicatriza ou some entre 15 e 30 dias, na maioria das vezes, precisa ser avaliada por um especialista e biopsiada. Em fases mais avançadas, as tumorações podem comprometer toda a glande e disseminar para linfonodos (gânglios ou “ínguas”) inguinais (virilha).

Hábitos errados que podem provocar o aparecimento da doença

A higiene precária ou falta dela é uma das principais causas que levam ao câncer de pênis. A prática de boa higiene íntima é essencial, incluindo o tratamento da fimose, que idealmente deve ser realizado ainda na infância, antes do início da vida sexual. Outras medidas preventivas inclui a vacinação contra o HPV, e cuidados com atividade sexual sem preservativos.

Os tratamentos para o câncer de pênis variam, desde cirurgias conservadoras até amputações parciais e radicais, dependendo do estágio da doença. Terapias menos invasivas, como laser e quimioterapia local, podem ser opções para casos iniciais e específicos. A detecção precoce é crucial, pois aumenta significativamente as chances de um tratamento bem-sucedido, muitas vezes menos agressivo, e pode evitar a perda a amputação completa do órgão, a progressão da doença para estágios mais avançados e mais difíceis de tratar, podendo inclusive levar à morte.

Campanhas de conscientização são fundamentais para educar o público sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de pênis. Elas ajudam a reduzir o estigma, promovem a saúde pública e incentivam práticas seguras que podem prevenir a doença.

 

*Dr. João Fantin é urologista e membro do Departamento de Uro-Oncologia da Sociedade Brasileira de São Paulo. Também atua no Departamento de Uro-Oncologia do Hospital de Amor de Barretos.*

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